sábado, 22 de outubro de 2011

Os que estão entre nós

Confesso que a palavra "extinção" é causa de meu desconforto quando associo a alguns produtos. Quando deixam de produzir determinada coisa a gente se pega a pensar em que motivos basearam a decisão. E a linha evolutiva vai descartando fuscas, máquinas de escrever, alguns tipos de caderno, etc. Acontecerá o mesmo com o livro? Este objeto adorado como o conhecemos, folhas impressas empilhadas e presas numa base dobrável? Não sei. O furor industrial despeja uma quantidade imensa sem se dar ao luxo de olhar para os lados e ver o quanto de inovação digital também traz ao alcance os pdfs e downloads com clássicos e best-sellers em telas de cristal. Os equivalentes citados e já extintos, podemos sempre admitir, esquecendo a noltalgia, que encontraram substitutos eficientes e, portanto, não criaram vácuos práticos (isto não funcionaria para mim, eu teria todos eles de volta). O livro segue impávido como a mais eficiente tecnologia enxuta que eu conheço. E não precisou, ao longo de séculos, que nenhum dono da patente anunciasse, em apresentações suntuosas, o livro II, o livro III, o livro IV. Está tal e qual, com imperceptíveis avanços, como o velho Guttemberg o concebeu. Se fosse hoje vivo, não creio que olhasse com desprezo o kindle. Talvez tivesse sua própria empresa, lançando o E-Guttemberg. De todo jeito, o desconforto se apequena quando veja que ainda não chegamos ao ponto da barbárie livresca como está no final do livro (e filme) Farenheint 451, onde os livros eram queimados e sua sobrevivência dependia apenas da memória e da oralidade. Oremos, portanto, que este mundo ainda é rico e imaginativo, sustentado por livros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário